Breve Histórico da Mecanização Agrícola no Brasil
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA (CONBEA)
Sua fundação deu-se em 13 de setembro de 1965, na sala da cadeira nº 15 - Mecânica, Motores e Máquinas Agrícolas, da Escola Superior de Agricultura "LUIZ de QUEIROZ" (ESALQ) da Universidade de São Paulo, onde passou a funcionar a sua sede.
Desde então uma rica história de trabalho e conquistas foi sendo acumulada e na Assembléia Geral Ordinária de 16-07-1980, durante o X Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (CONBEA), resolveu-se transferir a sede da entidade para o extinto Centro Nacional de Engenharia Agrícola (CENEA), então órgão do Ministério da Agricultura, onde foi mantida até 1987.
Durante a realização do XVI CONBEA, novamente por decisão majoritária da Assembléia Geral, foi indicado o Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, Câmpus da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), como sede definitiva, onde hoje está sediada sua Secretaria e Diretoria Executiva. Por Adriana Monteiro, da Redação do Globo Rural.
O início de tudo
A primeira colheita mecanizada de arroz no Brasil começou nos anos 30 no Rio Grande do Sul. Era o início de um processo evolutivo que teria conseqüências não apenas na economia, mas em toda a sociedade. Em algumas décadas, o país passou da tração animal para a máquina, da subsistência para a economia de escala no campo, do feudo para a agroindústria.
Vinte e dois anos mais tarde, em 1952, Getúlio Vargas deu o grande impulso da mecanização no Brasil. O então presidente criou o 'Plantai Trigo', um projeto que visava à auto-suficiência de trigo no país – meta que até hoje não foi alcançada – e impulsionou a agricultura brasileira. A partir desse momento, os agricultores passaram a importar tratores e máquinas agrícolas em grande quantidade, trazendo uma grande preocupação aos brasileiros.
Com a vinda de máquinas agrícolas de outros países, faltava assistência técnica para estes equipamentos. 'Imagine comprar um trator russo. Se ele quebra, como arrumar?
No final da década de 50, um período de muitas importações, existiam no país 150 marcas e mais de 450 modelos de tratores, um grande problema para reposição de peças e assistência aos equipamentos.
Para resolver essa questão, por volta de 1960, com a vinda da indústria automobilística para o Brasil, o país deu início à fabricação de máquinas pesadas e implantou-se a produção nacional de tratores.
Indústria nacional de tratores
Uma reunião em Piracicaba, no interior de São Paulo, com professores do Brasil inteiro e membros do governo Juscelino Kubitscheck, decidiu pela implantação da indústria de tratores agrícolas no Brasil.
Os motivos para a empolgação com o novo produto nacional eram muitos. Além do grande problema de assistência técnica e reposição de peças, o motor a gasolina dos tratores norte-americanos não satisfazia as necessidades dos agricultores brasileiros. Assim, o produto nacional já saía de fábrica com o motor a diesel, que trazia mais potência e economia e foi implantado mais tarde no mundo todo.
Outro motivo foi a pressão que recaía sobre o Ministério da Agricultura, órgão que financiava a importação das máquinas agrícolas. Como o Brasil tinha dívidas a receber da Europa e dos Estados Unidos, uma conseqüência da Segunda Guerra Mundial, parte desse pagamento era feito com equipamentos e o financiamento para os agricultores era de responsabilidade do Ministério.
Como os tratores apresentavam muitos problemas, em função da falta de preparo dos operadores e da baixa qualidade do equipamento, todas as reclamações caíam sobre o Ministério da Agricultura. 'Alguns agricultores do Rio Grande do Sul chegaram a devolver suas colheitadeiras para o governo e pararam de pagar. Assim, outro motivo para o incentivo à produção nacional de tratores foi o problema que as importações traziam ao Ministério da Agricultura.
Testes nos tratores
Com o início da produção nacional de máquinas agrícolas, em 1965, retomou-se com mais seriedade o ensaio de tratores, fiscalização da qualidade do equipamento depois que ele sai da fábrica. Esses ensaios eram feitos no Cenea (Centro Nacional de Engenharia Agrícola), na Fazenda Ipanema.
O Cenea chegou a ser considerado o melhor centro de equipamentos agrícolas da América do Sul, sendo comparado inclusive à Faculdade de Nebraska nos Estados Unidos, instituição pioneira no ensaio de tratores, para tanto, o Cenea possuia Pista de Ensaios (teste) para máquinas agrícolas, semelhante as encontradas em Nebraska e equipamentos para testes Dinamométricos que só encontrava similares na renomada Universidade dos Estados Unidos, bem como contava com Setor de Desenvolvimento Tecnológico, Divisão de Ensaios e Oficina de Protótipos.
A Faculdade de Nebraska começou a fiscalizar a produção de tratores depois que um acidente com um equipamento a vapor matou o amigo de um deputado do Estado de Nebraska (EUA) em 1910. Esse deputado propôs então uma lei e a partir dessa data todos os tratores fabricados nos Estados Unidos deveriam passar pela apreciação dos técnicos da Faculdade de Nebraska, instituição que é até hoje reconhecida no mundo inteiro por seus padrões de qualidade.
A fiscalização feita pelo Cenea abrangia uma gama muito grande, desde colheitadeiras, tratores, bombas, máquinas e motores diversos, inclusive de irrigaçãos e Obuzeiros (tanques de guerra), era uma garantia aos compradores. Mas essa segurança não durou muito. Durante o governo Collor, o então ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, extinguiu o Cenea e até hoje não existe nenhum órgão oficial do governo que fiscalize os tratores fabricados no Brasil.
Vida no campo depois dos tratores
Todo esse processo de mecanização no campo, melhorou a qualidade de vida dos agricultores brasileiros. O trabalho tornou-se menos árduo e em menos tempo o agricultor produzia mais. 'É claro que esse processo teve como conseqüência o êxodo rural, mas os produtores que ficaram no campo tiveram melhores condições de trabalho, maior produtividade e obtiveram uma renda maior'.
Além dessa melhora na produtividade e na rentabilidade, o trator também tinha sua função fora das colheitas. Ele era muito usado no transporte dos agricultores para ir à cidade, o que dava um certo ‘status’ ao produtor. Até hoje, as máquinas agrícolas servem de diferencial social no campo.
Pista de ensaio de tratores do laboratório de teste da Universidade de Nebraska - The University of Nebraska Tractor Test Laboratory
CERTIFICADO EMITIDO PELO CENTRI AOS TRATORISTAS- 1975; O PRESENTE CONFERE AO SR. DELMINO VERÍSSIMO, O DESCOBRIDOR DOS FORNOS DE AFONSO SARDINHA EM IPANEMA. |
CERTIFICADO EMITIDO PELO CENTRI AOS TRATORISTAS |
Tratoristas do CENTRI - 1970, em frente a antiga sede Administrativa; em pé da esquerda para a direita: o 1º Rubens Daniel, o 2º Gentil Braz, o 15º José Messias.
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Tratoristas do CETI ( Centro de Ensaios e Treinamento de Ipanema) em 1969, da esquerda para a direita: 1º Rubens, 2º João Mário, 6º Jesus (de Botucatú), 10º José Messias |
Auditório da antiga sede administrativa do CENEA no Smith |
Auditório da antiga sede administrativa do CENEA no Smith |
CETI- 1969 |
CETI- 1969 |
Colheideira- foto CENEA/MA 1986
Colheideira
Colheitadeira teste, foto CENEA/MA 1985
Máquina para Agricultura Canavieira- CENEA/MA- 1985 |
Máquina para Agricultura canavieira- CENEA/ MA 1985
Batedor de feijão- CENEA/MA 1985
Esparramador de calcário e adubos- foto CENEA/ MA 1986
Distribuidor de Calcário- foto CENEA/ MA 1986
Distribuidor de Adubos- foto CENEA/ MA- 1986
Distribuidor de Calcário- foto CENEA/ MA- 1986
Colheitadeira- CENEA/ MA 1986
Espalhador de Adubos- foto CENEA/ MA 1986
Espalhador de Calcário- foto CENEA/ MA- 1986
Esparramador de Calcário- foto CENEA/ ma 1990
Carreta para transporte de insumos agrícolas, na sua retaguarda era acoplado um esparramador de adubos. foto CENEA/ MA 1985
Outra espécie de carreta para testes- basculante- foto CENEA- 1985
Carreta para teste na Pista de Ensaios, foto de CENEA/MA- 1985
A mesma carreta, uma espécie de caminhoneta- foto CENEA/MA 1985
Jipe do CETI em Iperó, década de 1960
Bomba de Irrigação para testes- 1984
Implemento- Grade articulada para teste, suas laterais eram levantadas para facilitar o transporte. CENEA/MA 1985
Moedor (triturador) para teste- CENEA 1985
Moedor de cana- 1985- CENEA
Moedor de cana- 1985- CENEA
Moedor de cana para teste CENEA 1985
Distribuidor de Adubos- CENEA/ MA 1986
Instrumento do laboratório de Dinamometria- CENEA/MA 1986
Instrumento do laboratório de Dinamometria- CENEA/MA 1986
Instrumento do laboratório de Dinamometria- CENEA/MA 1986
ALGUMAS MARCAS DE FABRICANTES QUE ENVIAVAM SEUS PRODUTOS PARA TESTES NO CENEA/ MA
ALGUMAS MARCAS DE FABRICANTES QUE ENVIAVAM SEUS PRODUTOS PARA TESTES NO CENEA/ MA
ALGUMAS MARCAS DE FABRICANTES QUE ENVIAVAM SEUS PRODUTOS PARA TESTES NO CENEA/ MA
Trator esteira no páteo da empresa Motopeças em sorocaba, referido foi testado no CENEA.
1985
Colheideira em 1990
Colheideira em 1990
Colheideira épocas atuais
Colheideira atualmente